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Trata-se de um ser de uma afetividade imensa e instável,

Que sorri, ri, chora;

Um ser ansioso e angustiado;

Um ser gozador, embriagado, estático, violento, furioso, amante;

Um ser invadido pelo imaginário;

Um ser que conhece a morte e não pode acreditar nela;

Um ser que segrega o mito e a magia;

Um ser possuído pelos espíritos e pelos deuses;

Um ser que se alimenta de ilusões e de quimeras;

Um ser subjetivo cujas relações com o mundo objetivo são sempre incertas;

Um ser submetido ao erro, ao devaneio;

Um ser híbrido que produz a desordem.

E como chamamos loucura à conjunção da ilusão, do desconhecimento,

da instabilidade,

da incerteza entre o real e o imaginário,

da confusão entre o subjetivo e o objetivo,

do erro, da desordem,

somos obrigados a ver o Homo Sapiens

como Homo Demens.

Edgard Morin